Eu fui um jovem esquerdista durante o período mais duro do regime militar. Flertei com movimentos armados, me envolvi com extremistas. Era um tempo em que se você dizia "gostaria de comer um queijo quente", alguém respondia: "como você pode pensar em comida quando tem tanta gente passando fome na ditadura militar?" Eu não me curvava a essa transformação de política em culto de malucos obcecados.
Cinquenta anos se passaram, e agora ficou perigoso não ser esquerdista. Como eu sempre andei na contramão, estou acostumado. E hoje, como na década de 1970, eu luto pelo direito de não pensar em política as 24 horas do dia. Até mesmo porque isso não funciona politicamente. As transformações aparecem no momento certo, não adianta todo mundo dormir, sonhar e acordar pensando em política.
Claro que cada um é cada um. E eu conheço um monte de gente que não consegue pensar em outra coisa. Eu, pessoalmente, acho a vida muito mais rica em lições e experiências do que isso. Tenho princípios sólidos (ver post Sobre Política), mas esses princípios se aplicam a tudo. No fundo quem só pensa em política acaba se alienando.
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